Para pessoas com Diabetes tipo 1, quando existe uma destruição autoimune das células produtoras de insulina, o único tratamento capaz de controlar a doença (e salvar a vida do paciente) é o uso de insulinas. Já o Diabetes tipo 2, quando existe um defeito na ação da insulina, o tratamento é voltado para medicamentos que melhorem a ação da insulina produzida pelo corpo e com o controle dos fatores de risco, como obesidade, má alimentação e sedentarismo, por exemplo. Mas sabemos que em estágios avançados da doença, também se faz necessário o uso complementar de insulinas para um controle adequado.
Atualmente, os tratamentos se baseiam no uso de insulinas (que vem se modernizando ano a ano) e medicamentos de uso oral ou injetável (para uso diário ou até mesmo semanal), com mecanismo de ação cada vez mais voltados para os defeitos primários da doença e seus fatores de risco. Podemos citar medicações que auxiliam na perda de peso, que preservam a função das células do pâncreas, que protegem o coração, os rins, e até propiciam a remissão do Diabetes tipo 2 - remissão, que diferente de cura, é o controle da doença com a possibilidade de suspender o uso de medicamentos num segundo momento e manter o controle apenas com mudanças de estilo de vida.
Já em relação às insulinas, temos hoje formulações modernas com ação cada vez mais fisiológica, conseguindo “imitar” de forma mais eficaz e segura a ação das insulinas secretadas em uma pessoa sadia. Insulinas de ação ultra-lenta, ultra-rápida, menor risco de hipoglicemias, sistemas de aplicação em canetas mais simples e intuitivas e com agulhas pequenas e indolores são alguns dos recursos amplamente disponíveis. Também não podemos deixar de citar os sistemas de monitoramento contínuo de glicose (ao invés das frequentes picadas no dedo para monitorar a doença), como um avanço já disponível nos dias de hoje, embora a um custo razoável, e a própria cirurgia bariátrica, que nos casos indicados, consegue controlar de forma muito eficaz o Diabetes tipo 2.
Mas o que o futuro reserva para os pacientes acometidos por essa doença?
Em relação às medicações para Diabetes tipo 2, os estudos apontam para medicamentos cada vez mais potentes tanto para o controle da doença como para a perda de peso, com perspectiva de substituir até mesmo a cirurgia bariátrica. Já em relação às insulinas, prevemos que as insulinas orais sejam o próximo marco no manejo do Diabetes tipo 1, além de insulinas inteligentes, que agem de acordo com a necessidade do organismo em cada momento. Quanto aos sistemas de monitoramento contínuo, esperamos que fiquem cada vez mais precisos e práticos de utilizar, além de integrados ao sistema de aplicação de insulina, tornando realidade a ideia do pâncreas artificial. Ou seja, um sistema de bomba de insulina que “conversa” com o monitor contínuo de glicose e vice-versa.
Sabemos que o custo de tudo isso, principalmente quando novidade, é alto e impeditivo para a maioria das pessoas. Mas é dever do médico que acompanha cada diabético discutir sobre essas inovações e equacionar a possibilidade do uso de cada uma delas em seu paciente. O importante é que as pesquisas continuam mantendo o foco na melhora na qualidade de vida dos pacientes diabéticos, assim como 100 anos atrás, quando a primeira insulina foi descoberta.
Texto escrito por André Ricardo Fuck, endocrinogista