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Qual o futuro do tratamento do Diabetes?

O dia 14 de Novembro é marcado como o Dia Mundial do Diabetes, que é comemorado desde 1991 e coincide com a data de aniversário de Frederick Banting, descobridor da Insulina em 1921, um marco histórico no tratamento da doença (que completou 100 anos no ano passado).

Data
14 de Novembro de 2022

Autor
Dr. André Ricardo Fuck

Para pessoas com Diabetes tipo 1, quando existe uma destruição autoimune das células produtoras de insulina, o único tratamento capaz de controlar a doença (e salvar a vida do paciente) é o uso de insulinas. Já o Diabetes tipo 2, quando existe um defeito na ação da insulina, o tratamento é voltado para medicamentos que melhorem a ação da insulina produzida pelo corpo e com o controle dos fatores de risco, como obesidade, má alimentação e sedentarismo, por exemplo. Mas sabemos que em estágios avançados da doença, também se faz necessário o uso complementar de insulinas para um controle adequado.

 Atualmente, os tratamentos se baseiam no uso de insulinas (que vem se modernizando ano a ano) e medicamentos de uso oral ou injetável (para uso diário ou até mesmo semanal), com mecanismo de ação cada vez mais voltados para os defeitos primários da doença e seus fatores de risco. Podemos citar medicações que auxiliam na perda de peso, que preservam a função das células do pâncreas, que protegem o coração, os rins, e até propiciam a remissão do Diabetes tipo 2 - remissão, que diferente de cura, é o controle da doença com a possibilidade de suspender o uso de medicamentos num segundo momento e manter o controle apenas com mudanças de estilo de vida.

 Já em relação às insulinas, temos hoje formulações modernas com ação cada vez mais fisiológica, conseguindo “imitar” de forma mais eficaz e segura a ação das insulinas secretadas em uma pessoa sadia. Insulinas de ação ultra-lenta, ultra-rápida, menor risco de hipoglicemias, sistemas de aplicação em canetas mais simples e intuitivas e com agulhas pequenas e indolores são alguns dos recursos amplamente disponíveis. Também não podemos deixar de citar os sistemas de monitoramento contínuo de glicose (ao invés das frequentes picadas no dedo para monitorar a doença), como um avanço já disponível nos dias de hoje, embora a um custo razoável, e a própria cirurgia bariátrica, que nos casos indicados, consegue controlar de forma muito eficaz o Diabetes tipo 2.

 Mas o que o futuro reserva para os pacientes acometidos por essa doença?

Em relação às medicações para Diabetes tipo 2, os estudos apontam para medicamentos cada vez mais potentes tanto para o controle da doença como para a perda de peso, com perspectiva de substituir até mesmo a cirurgia bariátrica. Já em relação às insulinas, prevemos que as insulinas orais sejam o próximo marco no manejo do Diabetes tipo 1, além de insulinas inteligentes, que agem de acordo com a necessidade do organismo em cada momento. Quanto aos sistemas de monitoramento contínuo, esperamos que fiquem cada vez mais precisos e práticos de utilizar, além de integrados ao sistema de aplicação de insulina, tornando realidade a ideia do pâncreas artificial. Ou seja, um sistema de bomba de insulina que “conversa” com o monitor contínuo de glicose e vice-versa.

 Sabemos que o custo de tudo isso, principalmente quando novidade, é alto e impeditivo para a maioria das pessoas. Mas é dever do médico que acompanha cada diabético discutir sobre essas inovações e equacionar a possibilidade do uso de cada uma delas em seu paciente. O importante é que as pesquisas continuam mantendo o foco na melhora na qualidade de vida dos pacientes diabéticos, assim como 100 anos atrás, quando a primeira insulina foi descoberta.

 Texto escrito por André Ricardo Fuck, endocrinogista