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Vício em tecnologia alerta especialistas

Uso excessivo de tecnologia já passa a ser estudado como transtorno na Psicologia, alerta profissional da área

Data
21 de Dezembro de 2018

Por Danielli Artigas

Crianças no celular, tablet ou jogos diversos tem sido algo muito comum hoje em dia. Chama a atenção principalmente quando estão em mais crianças, cada uma com seu aparelho sem interagirem entre si. O interesse em estar conectado tem superado, muitas vezes, a vontade em viver momentos de brincadeiras com o colega ao lado, como se estivesse cada um em um lugar diferente. 

Com o avanço da internet, e facilidade em usá-la, alguns transtornos têm surgido e, segundo comenta a psicóloga Éllen Martins, já se discute a inclusão na próxima versão da Classificação Estatística Internacional de Doenças, a CID-11. “Podemos considerar uma dependência patológica quando vemos algumas características, como sintomas psicológicos de abstinência na ausência da internet, como ansiedade, tristeza, angústia, necessidade de despender cada vez mais tempo utilizando a mesma, tentativas de parar o uso sem sucesso, perda de interesse em outras atividades sociais, dentre outros”, comenta.

A psicóloga reconhece que a internet é tentadora aos adultos, pois nela encontramos soluções para os problemas que há menos de 20 anos era muito difícil e exigia pesquisa em livros e enviar cartas, por exemplo. “São inegáveis os benefícios da tecnologia, porém, tudo em excesso traz prejuízos. Geralmente os filhos que possuem tablet, celulares, já vêm de uma família onde este uso é excessivo, pois as crianças aprendem na base do exemplo, e é comum sim que os pais transfiram a atenção dos filhos para joguinhos, desenhos e vídeos, pois de fato é uma distração eficaz”, completa. 

A tecnologia não pode ser encarada como vilã, pois depende-se dela para trabalhar, nos comunicar, estudar e outras inúmeras funções. O problema, segundo Éllen, está em transferirmos para a tela do nosso computador ou celular a única solução para todos nossos problemas. Ela é benéfica quando se sabe o motivo de usá-la e colocar uma criança em frente do celular apenas para deixá-la quieta não traz nenhum benefício, além da «paz momentânea». 

Através destes aparelhos se tem acesso a diversos aplicativos e sites direcionados à educação e desenvolvimento, que são gratuitos e fáceis de utilizar, porém não devem ser utilizados como o único recurso para a criança. “Nada substitui a vida real, é impressionante como uma simples brincadeira no parquinho com outras crianças pode impactar no desenvolvimento infantil. Pode-se sim usar a tecnologia como aliada, principalmente em momentos em que os pais realmente não possam estar supervisionando os filhos. Cabe, então, aos responsáveis estabelecerem horários certos de acordo com a rotina familiar, para brincar no celular, brincar fora de casa, fazer tarefas da escola, conversarem em família. Toda criança precisa de orientação adulta, assim como estabelecemos a hora de dormir, também cabe a nós estabelecer a hora certa para o uso da internet de acordo com a rotina da família”.

Com a frequência e rotina no uso de tecnologias, as crianças passam a ter menos vontade em se relacionar com outras pessoas e realizar outras atividades. Isso, porque é muito mais simples só sentar em frente ao tablet e assistir vídeos, só dar «play». “Cabe aos pais estimularem os filhos em outras atividades, que gastem tempo e energia, para que possam crescer adultos saudáveis. É o exemplo que dou sobre lanches Fast Food, é rápido, acessível e fácil de comer - além de gostoso - mas não existe apenas a opção de Fast Food para comer, e se só comermos esse tipo de comida todos os dias é certo que o corpo ficará sem vitaminas, irão surgir doenças e diversas consequências negativas deste excesso. A internet é a mesma coisa, rápida, acessível, fácil de mexer e gostosa de passar o tempo, mas se usada em excesso pode causar problemas graves”, conclui.