“Só alegria”. Essa é a frase mais característica de um personagem marcante da Festa da Tia Cida, Walter Silva. Ele participava da festa quando criança e hoje retribui atuando como voluntário nesses 22 anos de festa. Ele é reconhecido não somente pelo seu jeito brincalhão, que gosta de dar atenção às crianças e adultos que participam do evento, mas também sua história de envolvimento com a festa.
“Era um tempo muito bom. Lembro que tudo começou porque nós participávamos da Novena, aí surgiu a ideia de fazer uma apresentação de Natal, com teatro e música para os pais. Havia mais ou menos umas 30 crianças participando, eram nossos amigos, crianças do bairro mesmo. No final tinha um lanche com bolo ou cada um levava um prato”, relembra.
Tanto a época do ano, como a possibilidade de manter a festa, animava ele e outros amigos a ajudarem para que ela fosse realizada. “Quando eu tinha uns 10 anos, lembro que ia até às casas para pedir pacotes de açúcar ou trigo para fazer o bolo. Cada pacotinho era motivo de muita alegria para a ‘piazada’, pois era uma garantia a mais que aquele ano haveria a festa. Lembro que no início o recheio do bolo era feito com pêssegos de um pessegueiro que tinha na casa da própria Tia Cida, nós íamos lá para pegar os frutos e ajudar na confecção do recheio”, diz. Também cabia a ele fazer o suco, na época de pacote, que era arrecadado pelo bairro.
“Me espelhava na Tia Cida e nos demais voluntários, sempre dizia que queria ser como ela”, enfatiza Walter ao contar sua história. Ele disse que sempre teve esse espírito de solidariedade, mas tudo foi evidenciado pela sua participação na festa. Todas as conquistas, que vão desde conseguir trancar a rua para a realização da festa, até a arrecadação de brinquedos, eram muito comemoradas por ele e demais voluntários.
Mesmo ainda com pouca idade, a intenção de Walter, representando os demais voluntários, era de promover a alegria das crianças mais carentes dos bairros próximos. “Nós fomos aprendendo a ver a felicidade no rosto das crianças, às vezes só por ganhar um cachorro-quente, comer algo diferente, receber um presente. Isso nos fortalece para que a cada ano busquemos melhorar ainda mais a festa”, destaca.
“Eu sou muito grato a tudo o que já passei, pelas coisas que aprendi e por tantas pessoas participarem do evento. Por aqueles que doam o seu melhor, doam o que tem, que vão e participam. Sou grato pelas crianças que tornam essa festa ainda mais bonita”, diz.
Interesse pela confeitaria
Como se não bastasse a participação e o desenvolvimento da solidariedade, Walter também começou a se interessar ali na festa pela sua profissão do futuro, a confeitaria. “Eu sempre ficava na equipe responsável pelo bolo. O Tio Luiz era o confeiteiro e fazia bolos gostosos e bonitos. Aquilo me inspirou, comecei a me interessar cada vez mais por essa arte, lembro que eu falava ‘quero ser confeiteiro igual ao tio’. Um dia ele parou de trabalhar com a confeitaria e eu entrei para fazer cursos nessa área. Ele então passou essa missão para mim, hoje sou confeiteiro e padeiro”, conta.
Gerações futuras
Segundo ele, a festa está garantida pelas gerações futuras. “Meu filho participa desde que nasceu, já que foi o menino Jesus na encenação. Hoje ele tem a mesma idade que eu tinha quando comecei a participar.
É uma forma de ensinar na prática a solidariedade para as crianças, mostrar para elas que existem realidades diferentes, pessoas que esperam o ano todo por um evento assim, seja para comer algo diferente, participar de uma festa, ganhar um presentinho. Acredito que esse sentimento não deixará com que essa tradição acabe”, finaliza.