Uma das melhores e mais completas ferramentas que existe no mundo, o celular, pode trazer ao mesmo tempo um malefício para a saúde, quando utilizado todas as horas, sem parar. Uma pesquisa encomendada pela WMcCann, ainda em novembro do ano passado, mostrou que os jovens são os mais atingidos pelo vício intitulado pelos especialistas de Nomofobia, de “no mobile phone phobia”, ou fobia de ficar sem celular, em tradução livre. A mesma pesquisa mostrou que eles enviam mais de 200 mensagens por dia, em média uma mensagem a cada cinco minutos.
Alessandro Marques, médico psiquiatra que atende em Campo Largo, explica que o ser humano é dotado de relações interdependentes, onde dentro de um processo, um ser depende do outro. “Passamos a olhar essas relações de dependência com preocupação quando uma delas começa a se intensificar e passa a ser intensamente priorizada, em detrimento de outras, causando prejuízos e limitando a autonomia da pessoa.” Outro aspecto apresentado pelo médico para elucidar sobre a dependência é o tempo de desejo e recompensa do cérebro. “Estudos mostram que quanto menor o tempo entre o desejo e a recompensa, maiores as chances de vício. Agora vivemos o momento da mídia digital, e, nesse contexto, surge o celular smartphone, que abre um ‘mundo de recompensas aos desejos’. E as recompensas são cada vez mais rápidas.”
Para identificar uma pessoa que é viciada em celular basta olhar com atenção para ela. "O principal critério é a priorização que a pessoa dá a esse aparelho em relação a outros aspectos da vida. Ela também não se relaciona mais com amigos, não quer nem comer longe do computador, fica irritado se está sem as mídias digitais, isso é característica de abstinência, não descansa mais o que deveria por ficar na internet, entre outros aspectos que possam causar algum estranhamento nas pessoas que cercam aquela”, diz.
É possível se prevenir desse mal, segundo o médico, colocando alguns limites no acesso, e isso vale não somente para as crianças e jovens, como também para os adultos. Como todo vício, a dependência das mídias digitais e da internet tem um início insidioso. No começo parece sempre uma brincadeira. Limitar o acesso e tentar associar o uso sempre a um propósito maior ajuda muito. Um propósito nascido na ‘vida real’: complementar um estudo da escola, aprender sobre como fazer algo etc. Ensinar os filhos a ter paciência entre seus desejos e as recompensas e oferecer momentos e atividades prazerosas a eles também ajudam muito”, orienta.
Para aqueles que já apresentam sinais de vício ou se reconhecem como dependentes de celulares, jogos digitais, internet e redes sociais, é preciso buscar ajuda, seja com um médico psiquiatra, psicólogos, terapia ou grupos de ajuda. Em alguns casos, o médico poderá receitar medicamentos que diminuam essa sensação de dependência.
Danos ao corpo
O nosso corpo é um só e tudo o que se passa na mente ou que podem mexer com o estado emocional de uma pessoa acabará refletindo no corpo físico, por isso, qualquer que seja a dependência da pessoa, ela também apresentará algum tipo de sintoma ou doença.
Segundo o médico, o uso excessivo de celular aumenta o sedentarismo, predispõe a depressão, a insônia, problemas musculoesqueléticos e oculares, e em casos extremos, o esgotamento diante de um computador já chegou a levar algumas pessoas à morte.