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Colônia Mariana

Recanto italiano em meio à natureza campo-larguense

Data
22 de Novembro de 2023

Com lindas paisagens e moradores bastante receptivos, quem conhece a Colônia Mariana sente um pedacinho da Itália em Campo Largo.

A Folha conversou com Giédre Escorsin, guia turística da região da Colônia Mariana, que contou um pouco sobre essa colônia campo-larguense, que teve a chegada dos seus primeiros imigrantes em 1889, vindos de Gênova. “Foram 33 famílias desses imigrantes vindos em um navio a vapor, que chegaram em Campo Largo devido a uma medida do governo na época, que cedeu a eles 315 hectares de terras, as quais foram divididas em 33 lotes e esses doados a cada uma das famílias dos imigrantes. Entre as famílias mais tradicionais desta região estão Garzaro, Boaron e Rasera.”

Ela comenta que os atuais moradores da Colônia Mariana, em sua maioria, são pessoas vindas de outras regiões e escolheram a Colônia para viver. “Viram na região um grande potencial de crescimento no turismo, mas ainda encontramos muitos descendentes das famílias tradicionais, os quais ainda prezam pelos ‘sobrenomes’ daqueles que, um dia com muita luta e força nos braços, fizeram daquela terra pobre a Colônia que é hoje”, retrata.

As principais atividades econômicas desenvolvidas na colônia hoje são a agricultura, como grande característica da imigração italiana e na fabricação de vinho, onde muitos descendentes ainda fazem o vinho artesanal, e a gastronomia.

Tem um braço forte no turismo, especialmente pelos restaurantes rurais, onde o turista pode almoçar e desfrutar no próprio local da natureza e atividades para a família, além de centro de eventos, muito procurados para a realização de casamentos e festas.

“Para que nossa região seja melhor desenvolvida, precisamos de mais infraestrutura como estrada, iluminação, informações em placas e divulgação. Hoje contamos com as redes sociais que nos ajudam muito e nos faz conhecidos, mas precisamos de muito mais. Como guia de turismo e uma apaixonada pela Colônia Mariana, tenho a dizer que estamos caminhando para que essa região cresça em relação ao turismo. Trabalhando para que mais proprietários abram suas ‘porteiras’ para visitação e que nossa Rota de Turismo seja visitada por muito mais pessoas adeptas ao turismo Rural”, pontua.

Giédre diz ainda que, depois da pandemia, as pessoas viram no Turismo Rural uma forma de se divertir, passear, comer bem e sair de casa sem precisar ir muito longe. “Além de ser um lazer de muito prazer, pois estar em meio à natureza, ver animais e poder adquirir produtos caseiros, coloniais, feitos com muito carinho, é só nos roteiros de Turismo Rural”.

Passeios gratuitos

No Roteiro Turístico da Colônia Mariana são muitas as opções de passeios, tanto gratuitos, como pagos também. Giédre cita entre os principais gratuitos a Igreja Nossa Senhora da Anunciação, construída em 1907 por imigrantes; a ponte sobre o Rio Verde, que tem 218 metros de comprimento e liga o município de Campo Largo e Araucária, tendo sido construída pela Petrobras na época, porque toda a lenha usada na Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária, era de Campo Largo, então a ponte encurtou o caminho e facilitou o transporte  - ela revitalizada em 2022, em uma parceria entre os municípios  -; e a Casa Nonna Júlia, que é uma construção de 1930 por Pedro Boaron, que teve apenas uma filha que se chamava Júlia e faleceu com 96 anos, por isso o nome, onde também funciona um empório.

Mariana

Questionada sobre o nome da colônia, “Mariana”, Giédre comenta que, embora não tenham dados históricos publicados, o que se conta na região é que o nome é uma homenagem a uma escrava, que residia no local e cuidava da primeira capela da colônia. “A humilde escrava chamava-se Mariana e era conhecida por todos. Ela tinha muito carinho e cuidava, além do patrimônio da igreja, também de um armazém de secos e molhados, vendia grãos, farinha e raízes. Mariana ficou na Colônia mesmo depois da abolição da escravatura, pois gostava muito das pessoas da comunidade, porque não a viam como escrava, então os escravos libertos foram embora, mas ela ficou”, explica. “Não há anotações de sua morte, mas quando os imigrantes resolveram colocar o nome na Colônia, fizeram a homenagem à escrava que todos tinham muito carinho e poder ser lembrada toda vez que contarem a sua história”, finaliza.