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Associativismo

Nova perspectiva econômica para regiões mais afastadas do Centro

Data
22 de Novembro de 2023

Autor
Danielli Artigas

Com um caminho tão desafiador à frente de uma empresa, empreendedores sentem no dia a dia as dificuldades na gestão de um negócio e de encontrar meios de ter uma maior representatividade. Dessa forma, encontraram no associativismo a força que precisam para discutir ideias e se fortalecerem na busca do crescimento profissional e também desenvolvimento da comunidade local. O associativismo passa a ser uma estratégia para expansão dos negócios.

Essa união de pessoas pode ser um grande marco para o desenvolvimento do distrito da Ferraria, distante cerca de 12 quilômetros do Centro de Campo Largo e que tradicionalmente vive de certa forma independente da cidade. Até que em março deste ano, após vivenciar as reclamações e demandas dos empresários, o advogado Samuel Crozeta sugeriu a ideia de criar uma Associação Comercial na Ferraria, onde fizeram um levantamento de mais de 200 empreendedores, em diversos setores.

Samuel explica que há décadas a família tem se dedicado ao comércio na região e junto com outros empreendedores enfrentam constantes desafios relacionados à infraestrutura e segurança no local. Assim, surgiu a necessidade de serem mais ouvidos quanto às suas demandas e o advogado sugeriu a criação de uma associação comercial em março deste ano, o que veio como uma nova esperança para o desenvolvimento da comunidade. Com base em um modelo que deu certo em Curitiba, começaram a se organizar e a realizar reuniões mensais ou a cada 45 dias, para discutir e desenvolver um conceito de trabalho.

Por uma questão histórica de não se identificarem como parte da cidade, os empresários locais não faziam parte da Associação Comercial e Empresarial de Campo Largo (Acicla), até que tiveram a oportunidade de ver o quanto a Acicla poderia agregar ao desenvolvimento econômico da região, pelo desenvolvimento de cada empreendedor.  Dentro deste contexto, Samuel destaca que tem levantado a pauta de que para conseguir mais infraestrutura para a região, os empresários também precisam ajudar a desenvolver a economia do município, valorizando mais Campo Largo do que Curitiba, onde é mais comum das pessoas da região fazerem compras, por exemplo. Diz que fazendo Campo Largo crescer eles podem crescer juntos.

O gerente da Acicla, Alexandre Druciak, diz que tem visto, “de maneira muito clara, o quanto o associativismo ajuda no desenvolvimento do associado e do município de maneira secundária. Entendo que se alguém decide pisar em uma formiga sozinha, não terá dificuldades, mas em um formigueiro, as coisas ficam muito diferentes. Já tínhamos alguns associados da Ferraria, mas agora, um grupo maior vem, com objetivos e uma união que vai agregar muito para a Acicla e para eles mesmos. É um motivo de alegria e orgulho”.

Foi em uma reunião do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI), há poucos meses, que também tiveram oportunidade de se reunirem com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Juarez Butture, e com o Pedro Parolin Teixeira, presidente da Acicla, e discutir como o associativismo empresarial pode melhorar a região. As conversas foram se desenvolvendo em ritmo bem positivo e foi definido que a Acicla fica encarregada de liderar o associativismo comercial na região da Ferraria e a própria associação iniciada na Ferraria fará o papel de associação empresarial, pois entendem a necessidade de se fortalecerem politicamente para terem mais representatividade na Câmara Municipal. Segundo Samuel, Ferraria tem uma população que representa quase um terço da população municipal e não acham justo ter apenas um vereador representando.

A Acicla passa a atuar com o Núcleo Ferraria oferecendo uma ampla gama de benefícios, incluindo empréstimos, cadastros de empresas, certificação digital, Nota Fiscal Eletrônica, convênios, entre outros que agreguem novas oportunidades aos empreendedores locais.

Por muitos anos, o associativismo na região não era incentivado por meio de associações formais, mas sim pelo senso de comunidade das igrejas, segundo explica Samuel. A região é predominantemente católica e as comunidades religiosas tiveram uma influência significativa. A ideia agora é fazer um trabalho incansável de fortalecimento da região.

A associação na Ferraria não tem cobrança de mensalidade e é aberta a todos os interessados, desde pessoas que fazem compotas caseiras até aqueles que estão mais familiarizados com atividades empresariais. Os empreendedores que tiveram interesse aí podem se associar à Acicla. Para Samuel, essa união das associações já foi uma grande conquista, por ter um apoio e acessos que sozinhos não teriam. Estão também bastante realizados com a comissão formada na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, pois já passaram a discutir projetos de curto, médio e longo prazo, além de estarem ativos nas discussões da RMC.

O resultado também já tem sido sentido porque empresários da região que antes não se conheciam puderam encontrar no mesmo distrito o fornecedor que precisavam. Promover essa integração dos empresários locais é uma prioridade, conforme cita Samuel, detalhando que em uma reunião tiveram mais de 50 empresários locais e com um importante momento de networking.

Feira para fortalecer os pequenos empresários

Em outra região mais afastada do Centro de Campo Largo, no Jardim Guarani, empreendedores locais realizam uma feira comunitária no ginásio de esportes do Colégio Estadual Padre Francisco Belinovski, com grande adesão da comunidade. O limite máximo dos itens vendidos fica em torno de R$ 50, para ficar acessível ao consumidor, vendendo desde artesanatos, brinquedos, roupas, lingerie, calçados, doces artesanais, trabalhos com gesso, bijuterias, além de barraquinhas de alimentação.

A organização explica que a ideia da feira surgiu ainda em 2022.  Uma das organizadoras do evento tinha uma loja com espaço físico e muitas pessoas recorriam a ela para vender seus artesanatos e produtos. O primeiro passo foi fazer uma feirinha, colocando em frente à loja algumas barraquinhas, onde participaram em torno de 12 expositores e acabou sendo um sucesso.

A partir da segunda edição o número de expositores cresceu, assim como a adesão da comunidade no entorno. A intenção é sempre ajudar o comerciante local, tornando seu produto conhecido para toda a região, por isso a equipe cobra apenas um valor pelo uso das mesas e do aluguel do banheiro químico.

O bairro acaba tendo uma “vida própria”, sendo considerado um centro para essa região, o que faz com que pessoas de localidades próximas também busquem expor seus produtos. Essa é vista como uma oportunidade de um evento familiar, para conhecer, conversar e fazer negócios. A próxima feira que irá acontecer será noturna e deve ser divulgada em breve.