• Home
  • Geral
  • 33 anos como Papai Noel, em missão de amor
Image

33 anos como Papai Noel, em missão de amor

Incentivado pelo pai na carreira como Papai Noel aos 18 anos, seu Luiz Ribeiro se emociona ao relembrar momentos únicos e conversas surpreendentes com as crianças

Data
14 de Dezembro de 2021

|Caroline Paulart|

Fazer do Papai Noel um meio de levar amor e empatia às crianças. Ouvir, conversar e se interessar pelo que elas falam. Estes são alguns dos lemas que envolvem a carreira de 33 anos do Papai Noel Luiz Ribeiro, hoje aposentado e que trabalha com artesanatos. Dedicação essa que envolve outras pessoas da sua família e que até o dia 24 e 25 de dezembro praticamente não tem hora para terminar. 

De família humilde, do Norte do Paraná, seu Luiz chegou a Campo Largo ainda muito jovem, em busca de uma oportunidade melhor de vida. “Trabalhei como boia fria, na roça. Ia trabalhar às 6h da manhã e voltava somente às 18h, na região de Campo Mourão, com sol muito forte em grande parte do ano. Tinha dias que a marmita azedava, não tinha onde esquentar. Levava comida e uma garrafinha com café. Quando vim para Campo Largo, tive oportunidade de uma vida melhor, mas ainda humilde.”

A carreira como Papai Noel começou ainda na fase jovem de sua vida. “Meu pai, seu Francisco, fazia aniversário no dia 25 de dezembro, então juntava todo mundo e fazíamos uma grande festa. Éramos moradores do bairro Santa Rita, e ele, em determinado ano, comprou uma touquinha e um pacote de balas. Eu fiquei olhando a atitude dele e pensava ‘nossa, que ação linda’ e sentado na calçada, observando, ficava pensando que gostaria de ajudar”, relembra. 

No ano seguinte, seu Francisco comprou para Luiz uma touca e uma camisa de Papai Noel e incentivou ele a ajudá-lo. Começava ali a carreira de Papai Noel. “Eu me vestia com aquela roupa e me sentia. Saía atrás da ‘piazada’, brincava, ria com eles. Hoje faz 33 anos e esse sentimento continua”, diz. 

 

Ele faz parte do grupo Natal da Esperança, que entrega pacotinhos de doces para as crianças pela cidade, hospitais e escolas especiais, um projeto que nasceu junto com a carreira de Papai Noel e foi se aperfeiçoando ao longo do tempo. “Na virada do dia 24 para o dia 25 nós vamos jantar perto das 3 horas da manhã. Nós começamos o grupo com aproximadamente 15 pessoas, mas muitas queriam passar o Natal com a família e poucos ficavam no grupo, fazendo entrega para as crianças. Nós nos mantemos firmes neste propósito, levando alegria para as crianças”, reforça.

Momentos inesquecíveis
Seu Luiz conta de momentos que viveu e que foram inesquecíveis. O primeiro deles foi quando se vestiu como Papai Noel para visitar a filha na maternidade, ainda prematura. “Ela nasceu no dia 28 de novembro, com 950 gramas. Eu me vesti de Papai Noel e fui levar uma bonequinha para ela. Ela tem essa bonequinha até hoje guardada”, comenta. 
Para ele, a melhor parte de ser Papai Noel é dar um abraço nas crianças, conversar com elas e compartilhar da magia e esperança que elas têm de um mundo melhor. “Eu sou católico, cristão, respeito todas as religiões. Estou sempre preparado, junto com Deus, porque o Natal é vivenciar a parte de ser cristão, acolher as pessoas. Eu me dedico às crianças, porque elas são as luzes do mundo”, diz.
“Um ano eu estava trabalhando na Casinha do Papai Noel, aqui no Centro, e chegou um menino de aproximadamente 08 anos. Ele estava chorando muito, junto com a mamãe dele. Ele não entrava na fila para conversar comigo. Quando acabaram as crianças da fila, ele chegou falar comigo. Eu falei para ele ‘vem cá, vou te dar umas balinhas, vem contar o que você quer de Natal’. Ele me respondeu ‘eu não quero presente, eu só vim pedir para o senhor falar para o meu pai voltar para casa, porque estamos sentindo muita falta dele e estamos passando muita necessidade. Ele que comprava o que a gente queria’. Eu passei dificuldade, e eu senti a dor daquela criança. Me emocionei muito”, relembra. 
Em outra situação, seu Luiz conta que visitou junto com a Prefeitura de Campo Largo uma família bastante carente, no bairro Francisco Gorski, na véspera de Natal, onde havia uma criança que tratava uma leucemia. “Essas são apenas algumas das histórias que eu tenho como Papai Noel e que me emocionam muito quando eu lembro. Ser Papai Noel é uma missão muito grande, a qual eu me orgulho muito. Cada dia é uma surpresa diferente, quando você vê, ela já está chegando em você e precisa administrar aquela situação. Eu sou fraco para chorar, então muitas vezes é difícil de segurar as lágrimas, mas sigo firme fazendo o que eu mais amo”, finaliza.  
A origem centenária do Papai Noel 
Muitas são as tradições em torno do “bom velhinho”, que também faz parte do Natal, assim como as histórias sobre a sua origem. Uma das histórias mais conhecidas é que São Nicolau, eclesiástico da Igreja Católica e arcebispo de Mira, onde hoje é a Turquia, era um homem extremamente bondoso e costumava deixar moedas perto das chaminés e janelas das pessoas carentes sem ser visto na noite de Natal. Outra versão conta que ele costumava entregar presentes às crianças no seu aniversário, comemorado em 6 de dezembro. 
Porém, esta não é a única história. O Papai Noel também aparece no folclore grego, sendo atribuída a certo Basílio, na Cesareia. O Dia de São Basílio é marcado pela troca de presentes na Grécia e é comemorado em 1º de janeiro, podendo ter exercido influência na história do Papai Noel.  
Na versão europeia, a história é que o Papai Noel além de humano também seria um ser mágico, que vive sozinho em uma terra inóspita cercada de neve. Essa versão é muito próxima da americana, na qual o bom velhinho vive no Polo Norte. Há, todavia, finlandeses e britânicos, por exemplo, que acreditam que ele resida nas montanhas de Korvatunturi, na Lapônia, Finlândia, onde possui uma oficina de brinquedos.