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“Jogo” Baleia Azul deixa população em alerta

O “jogo” Baleia Azul, que surgiu na Rússia, se expandiu rapidamente pelo mundo e tem sido amplamente discutido por especialistas por encorajar o suicídio de adolescentes.

Data
24 de Abril de 2017

Colaboração Caroline Paulart com supervisão de Danielli Artigas

A última semana levou o mundo todo a refletir sobre as questões que envolvem o suicídio, especialmente de jovens, e como evitar que aconteça. O “jogo” Baleia Azul, que surgiu na Rússia, se expandiu rapidamente pelo mundo e chegou ao Brasil, tem sido amplamente discutido por especialistas por encorajar o suicídio de adolescentes. O alerta tem sido reforçado para que os pais e responsáveis por esses adolescentes redobrem a atenção e o cuidado.

O jogo é composto de 50 tarefas agressiva, na qual a última é tirar a própria vida. As tarefas são enviadas pelo “curador”, uma espécie de tutor do jogo, que não revela a identidade. O jovem pode ser convidado a participar ou procurar pelo grupo. Há relatos também de pessoas que foram coagidas a participar, sob ameaça de algo ruim acontecer às suas famílias. Vale salientar que a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) já se pronunciou sobre o assunto e disse que os “curadores” podem ser indiciados por associação criminosa, ameaça, lesão corporal, e até homicídio, podem pegar até 40 anos de cadeia. Um inquérito foi instaurado e as investigações já começaram.

A psicóloga e terapeuta cognitiva comportamental infantil, Priscila Stocco Costa, explica quais os sinais da participação no jogo que devem ser considerados. “Para saber se o seu filho participa do ‘jogo’, é extremante importante acompanhá-lo em sua rotina e conhecer o Baleia Azul. Algumas das tarefas iniciais são ouvir músicas psicodélicas durante horas, acordar durante a madrugada para assistir filme de terror, fazer cortes pelo corpo e desenhar com objeto cortante uma baleia em seu braço. Por isso, mudança de rotina e horários, de comportamento, os estilos de músicas ouvidas, cortes pelo corpo e uso de blusas em dias quentes podem ser sinais alarmantes.”

A Secretaria de Saúde de Curitiba emitiu uma nota dizendo que na última quarta-feira (19), houve o registro de oito tentativas de suicídio de jovens entre 13 e 17 anos, que não necessariamente estão ligadas ao jogo, mas que as causas ainda estão sob investigação.
Outros sinais importantes são as postagens de frases como “i_am_whale”, traduzindo do inglês seria “eu sou uma baleia”, desenhos ou postagens de fotos de baleias. O próprio nome é uma referência ao suicídio. Muitos sites e veículos especulam que “Baleia Azul” faz referência às baleias que cometem suicídio encalhando nas praias.

A psicóloga ressalta que adolescentes podem sofrer de transtornos psicológicos, principalmente por estarem em uma fase de transição ou não receberem orientação. “Devido às alterações hormonais e adaptação às diversas exigências sociais, grande parte dos adolescentes costumam mostrar um comportamento mais irritado, impaciente, emotivo e, muitas vezes, com variações bruscas no humor. Quando o adolescente não está orientado e amparado para tais mudanças, ele pode se culpar pelas mais simples transformações, gerando conflitos internos que podem servir de gatilhos para outros problemas emocionais e comportamentais”, explica.

Os sintomas de depressão em adolescentes são muito próximos dos aparentes nos adultos, como o desinteresse por atividades antes prazerosas, a diminuição ou aumento do apetite e desregulação do sono. Porém é muito comum que o adolescente manifeste humor irritável, isolamento social e, muitas vezes, abuso de substâncias químicas e queda no rendimento escolar, conforme esclarece Priscila.

A melhor saída nesse caso é manter um relacionamento aberto e sempre demonstrar interesse na vida do filho. “A aproximação diária para a escuta do filho é extremamente importante, uma vez que é possível utilizar este tempo para falar de seus sentimentos e inclusive ter uma conversa sincera sobre depressão e até sobre suicídio, podendo orientá-lo e assim evitar atrocidades. É necessário, também, acompanhar os interesses dos filhos, saber que tipo de jogos eles gostam, quem são as pessoas com quem eles conversam, quantas horas eles ficam em frente ao computador, quais os grupos das redes sociais eles participam e a partir disso orientá-los e estabelecer regras e limites”, recomenda.

Quando a Arte conflita a vida
O lançamento da série 13 Reasons Why, da plataforma em streaming Netflix, causou furor nas redes sociais e chegou a ficar entre os trending topics – assuntos mais comentados pelo Twitter.

A série apresenta a história de Clay Jensen, um estudante tímido do Ensino Médio, que encontra uma caixa na porta de sua casa com sete fitas cassete gravadas por Hannah Baker, uma colega que cometeu suicídio recentemente. As fitas trazem o relato de Hannah para 13 pessoas como elas acabaram provocando sua morte, os 13 motivos pelo qual ela tirou sua vida.

Um dos episódios retrata com realismo como Hannah tirou sua vida e levou uma associação norte-americana de saúde mental, a Headspace, a considerar a série irresponsável, arriscada e perturbadora. Para a psicóloga Priscila Stocco, a série quebra alguns tabus vivenciados todos os dias por adolescentes do mundo todo. “Entre eles estão o Bullying, o abuso sexual, o abuso de substâncias químicas e, claro, o suicídio. O foco principal da 13 Reasons Why é o suicídio de Hannah e não se discute sobre os problemas em saúde mental e suas formas de tratamento. Esse debate poderia instigar os jovens ao conhecimento sobre o assunto e a busca por tratamento psicológico ou psiquiátrico a tempo.”

Em contra-partida, o Centro de Valorização da Vida revelou que o aumento pela busca de ajuda foi visível desde a estreia da série, com um crescimento de 100% em números de ligações e mensagens de texto de pessoas que gostariam de falar sobre suicídio e sobre a série. “A sociedade está cada vez mais individualista e as pessoas às vezes esquecem de olhar para o próximo, que pode estar dentro da própria casa. Que estes ‘alarmes’ do momento possam chamar a atenção para que olhem para as crianças e adolescentes com mais atenção e estenda a mão para poder oferecer um apoio, uma escuta e quem sabe salvar uma vida”, finaliza Priscila.

Baleia Rosa
Indo na direção contrária ao Baleia Azul, o Baleia Rosa foi criado para dar desafios fáceis de cumprir e que trarão bom ânimo a quem os pratica. Esses envolvem fazer novos amigos, enviar bilhetes de afeto para pessoas importantes, pedidos de desculpa e perdoar, entre outros.
Os desafios são postados na página baleiarosa.com.br diamente e tem como descrição apenas “acreditamos que todos têm a capacidade de ajudar outras pessoas e construir o bem”. Desde que foi criada já tem 143.498 seguidores no Facebook e com avaliações positivas, parabenizando a iniciativa.